A Marcha da Direita nas Eleições de 2024 e o Declínio das Velhas Promessas da Esquerda
O Brasil vive um fenômeno político: o fortalecimento da direita. O que estamos vendo nas eleições de 2024 é um verdadeiro fortalecimento da direita conservadora, que está consolidando sua força em todas as regiões do país, dominando o discurso político e conquistando eleitorados antes impensáveis.
Antes de qualquer coisa, vamos lembrar que o Brasil nunca foi exatamente o berço do progressismo. A nossa democracia tropical sempre oscilou entre flertes com o conservadorismo e tentativas de revolução de boteco. O fato de Jair Bolsonaro ter impulsionado essa onda conservadora em 2018 foi apenas o estopim de um processo latente. No entanto, o que temos agora vai além de Bolsonaro. A direita está mais organizada, mais presente, e melhor adaptada aos novos tempos — incluindo as sempre imprevisíveis redes sociais.
Nas capitais e grandes centros, a direita ocupou espaços que antes pertenciam ao centro, ou até mesmo à esquerda. Manaus e Fortaleza, por exemplo, estão com candidaturas no segundo turno que colocam em confronto direto o bolsonarismo e a velha guarda da esquerda. André Fernandes (PL) contra Evandro Leitão (PT) é o típico duelo que veremos repetido em várias cidades — a velha promessa de transformação social contra a força bruta da ordem e progresso. E o que isso significa? Significa que uma boa parte da população está cansada de promessas que nunca se cumprem e se alinha ao discurso que promete segurança, emprego e menos ideologia de gênero nas escolas
São Paulo, sempre um termômetro da política nacional, já demonstrou uma inclinação à direita nas últimas eleições, e a tendência se confirma em 2024. O atual prefeito de perfil tecnocrático e com o ferrenho apoio do governador Tarcísio de Freitas segue isolado nas pesquisas de segundo turno, enquanto isso, Guilherme Boulos - o representante da esquerda - apresenta um rejeição muito alta. Na capital mineira, Bruno Engler (PL), jovem deputado bolsonarista, disputará o segundo turno em Belo Horizonte, apontando para o mesmo fenômeno: candidatos jovens, duros no discurso e que sabem lidar com o cenário digital com a mesma destreza com que seus adversários manuseiam as velhas alianças.
A esquerda, que um dia prometeu salvar o país, parece ter perdido o fio da meada. O PT, eterno combatente das causas populares, enfrenta dificuldades em mobilizar suas bases nas cidades onde as promessas não se concretizaram. Veja, por exemplo, Porto Alegre, onde Maria do Rosário (PT), símbolo de uma era passada, tenta desesperadamente reconquistar espaço. Lá, enfrenta Sebastião Melo (MDB), um nome que, embora não seja de tão direita, representa um pragmatismo que a esquerda parece ter abandonado.
A verdade é que o PT está vivendo de memórias. As antigas lutas sindicais e discursos inflamados não mobilizam mais como antigamente. E a base eleitoral religiosa? Essa já foi completamente capturada pelos candidatos conservadores.
Se você ainda acha que eleição se ganha em praça pública, é melhor rever seus conceitos. Hoje, a política brasileira se joga no campo minado das redes sociais. E quem domina essa nova arena? A direita, claro. Enquanto o PT e outros partidos progressistas tentam resgatar os métodos tradicionais, os candidatos conservadores já estão a quilômetros de distância. A narrativa da direita é sedutora porque vende simplicidade em tempos de caos. Essa retórica direta encontra ressonância em uma população desgastada com a crise, a pandemia e as promessas não cumpridas.
O segundo turno das eleições de 2024 será uma batalha feroz. E o que está em jogo é muito mais do que algumas prefeituras. Estamos assistindo à construção do que será a plataforma política para 2026. Os partidos de direita, como PL, Republicanos, NOVO e União Brasil, estão preparando o terreno para um confronto direto com a esquerda em nível nacional. A direita, agora bem mais organizada, está consolidando seu domínio nas capitais e, se continuar nesse ritmo, vai garantir uma base de poder que poderá ser decisiva nas eleições presidenciais.
Olhando para o futuro, o Brasil parece inclinado a seguir o caminho conservador. As eleições municipais de 2024 são um reflexo claro desse movimento, e o bolsonarismo, ainda que tenha perdido o poder presidencial, continua muito vivo. Talvez até mais forte, pois soube adaptar-se à nova realidade digital e manter-se conectado com um eleitorado que demanda respostas rápidas.
O cenário está posto. O que falta saber é se a esquerda será capaz de se reorganizar e enfrentar esse novo modelo de política que a direita construiu com tanto sucesso. Se ela continuar a se apoiar nas mesmas narrativas de décadas atrás, o caminho para 2026 será ainda mais fácil para a Direita. Enquanto isso, a direita segue marchando, rindo das críticas da velha esquerda e conquistando prefeituras pelo Brasil afora.
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